Alicia Kafka

- Eu nem comecei. - Dou um leve beijo ao lado de seu seio direito, mas sem toca-lo - Se quiser, eu te faço esperar ainda mais.

Desceu com uma das mãos até a que a tocava, guiando K para dentro de si – induziu desritmados movimentos, suspirando ao sentir os dedos ligeiramente gelados que dissimulavam o calor da própria intimidade.

— Vê?... Não estou tão molhada. – o timbre baixo, excitado e sedutor. – É frustrante ter que pedir por algo que posso fazer sozinha. 

Então lambeu-lhe do queixo até a curva da boca, demorando-se nessa última ao fitar novamente o abismo misterioso dos olhos do vampiro. ‘Coisinhas como Alicia’ definitivamente não implorariam por aquilo. Ela levantou, chupando o indicador e deixando-o ali, sozinho e ajoelhado sobre a cama.

Estava no colo alheio, sendo acariciada e tendo as curvas do corpo delicado mapeadas pelas habilidosas mãos do diretor. Aparentemente, K conhecia seus pontos erógenos, incitando-a ao iminente estremecer.
“Basta aproveitar.”
O encarou de soslaio, sobre o ombro. De fato queria, mas, deveria?... Por hora, permitiria que ele a guiasse, que a consumisse e desbravasse; repousou os dedos sobre os dele na intenção de lhe indicar como e onde gostava. Não era necessário dizer ou afirmar nada, bastava o olhar selvagem que lançava em companhia dos movimentos estimulantes que fizera contra o quadril que a sustentava.
Alicia naturalmente transbordava o obsceno.

Na medida em que as ações do vampiro a excitavam, Alicia afundava ainda mais a cabeça no travesseiro, imergindo no redemoinho que a língua dele produzia; o lacinho que prendia seus cabelos rompe, permitindo que os fios acobreados esparramassem pelo travesseiro branco dando a ilusão de esguias víboras.

— ...! – o gemido foi contido por pouco.

A sensação era única, dominando-a a cada pressionar e respiração quente que ele despejava. Por mais que tentasse reprimir os movimentos involuntários da cintura, não conseguia. A mão livre encontrou apoio no colchão, cravando-se violentamente na estrutura de espuma, enquanto, a outra, arranhava por instinto a nuca de K – no qual ela focava-se, contudo, hora ou outra os olhos claros encontravam-se no rústico teto, absortos em comparações incompreensíveis.

Correspondeu ternamente a suas investidas, acariciando-o na bochecha. Se ele soubesse o quão importante aquele simples olhar significara para a sereia, teria mantido por mais tempo o reflexo da ruiva em suas íris? O pensamento esvaeceu quando a calorosa língua a preencheu, inundando-a de luxúria e consumindo seus sentidos. Tremulou extasiada, podendo encontrar refúgio nos dedos que K oferecia, capturando-os voraz ao distribuir dosadas mordidas na esperança de que pudesse abafar o sons constrangedores que relutavam em escapar.
Após alguns segundos, a figura feminina arqueou-se discretamente, inquieta; o ápice da satisfação prestes a acontecer.

— Es-Espere... – o afastou de imediato da intimidade. – Eu... – a respiração descompassada.

Sobre as maçãs do rosto avermelhado tom floresceu, mesmo quando ela o puxou pela camisa e deu início a um novo beijo, o próprio sabor como peça coringa dos encaixes de boca. Imoral. Tanto quanto o recém-descoberto anseio que nutria de tê-lo inteiramente e somente para si.

— A-Ahn... – gemeu baixinho, retorcendo-se na cama. – K...

O corpo feminino estremeceu, agitado no frenesi inexplicável proporcionado pelas carícias deliciosas dele. Em certo momento o pressionava violentamente contra a própria intimidade, em outro, sentia-se ser envolvida pela mais satisfatória exaustão; Alicia havia alcançado o orgasmo. Logo surgiu um fio rubro escorrendo por sobre os lábios rosados e delicados, ela acabara por morder a boca no meio do processo.

— Quem diria... – sorriu ruborizada, dando-lhe afago. – Uma caixinha de surpresas.