A Enfermaria [II]

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"Urgh, acho que esse filho da mãe não vai me deixar em paz até eu fazer o que ele quer. Bem, que se dane." Pensava, sequer contestando sobre o fato de ter sido levada completamente a força até a enfermaria. Realmente não tinha necessidade, mas, pensou de novo que deveria engolir um pouquinho do próprio orgulho pra poder pensar direito sobre aquela situação. Ouviu as batidinhas na porta, e quando menos percebeu, já estava sendo "colocada" na maca por seu professor. Dessa vez, obviamente o orgulho falava mais alto, tanto que deu um tapa forte na mão dele. Não precisava da ajuda dele para subir numa mera maca.

O ouviu falar, e então suspirou. "Mais conversa? Esse cara é forçado demais."

-Não interessa pra você, palhaço. Sem saco, respondeu.

Pega de surpresa, sentiu o tecido de algo no próprio rosto, e no calor do momento, acabou por ficar ofegante, o que ajudou ainda mais o clorofórmio fazer efeito. Caiu adormecida na maca, chegando até a babar, de tão bom que o sono estava. Talvez a regenerasse, se TIVESSE algo para regenerar, mas, quem sabe ela estivesse enganada, também.

Por volta de trinta, quarenta minutos depois, acordou, se sentando na maca novamente e limpando a boca, cheia de baba. Olhou para a cara do professor, e assumiu que não precisava dar explicação nenhuma para ele. Já tinha feito tudo o que ele tinha pedido, e apesar da curiosidade para saber o por que tinha adormecido, acabou por deixar passar limpo, só para poder fugir dali.

Não se importando com o que ele disse, soltou um suspiro e foi descendo as escadas até chegar ao hall.

Apareço na enfermaria, ao lado da maca e então ponho a Toya deitada ali. Logo, comecei a procurar band-aids e o que fosse necessário para tratar suas feridas.

— Pode ficar tranquila, como você é um monstro, você vai se curar mais rápida que o normal. Mas... vou por um curativo de qualquer jeito, para acelerar esse processo já acelerado — falei, enquanto começava a trata-la como deveria ser feito.

Dei apenas uma pequena risada com as palavras de Lupin. Meio que sabia que ele não gostava desse tipo de coisa então decidi por calar-me até que chegássemos a enfermaria, agradecendo em tom baixo por ele ter me ajudado e olhando-o deitada na maca, já. Esfreguei a testa, piscando algumas vezes, já com a mente bem clara.

— Uhum. Obrigada por estar me ajudando. — murmurei baixo, enquanto senti-o cuidar do curativo, encarando o teto — Se precisar de ajuda pra algo, pode pedir. Te devo essa, agora.

— Está tudo bem, não faço isso pra tentar ganhar algo — terminei o curativo, com um sorriso. E a ajudei a sentar na maca.

— Já consegue se levantar? Aliás, parece que você foi a que menos se fodeu — perguntei, comentando em seguida para que ela tenha uma ideia do status dos outros, mesmo que ela não se importasse.

— Isso é bom. — falo com calma, sorrindo um pouco e sentando, agradecendo mais uma vez pela ajuda. — Creio que sim. Só doerá um pouco, mas é por pouco tempo. Imagino. — faço uma cara meio surpresa e penso nos outros dois que estavam batalhando junto — Espero que eles fiquem bem, pra ser sincera.

— Bom, estou indo... Se cuide e tente não morrer! — falei, com uma risadinha no final. Dei um sorriso e desapareci.

Ao chegar na enfermaria, notou alguém sobre a cama, e com todo aquele volume gordo de baixo das cobertas, só podia ser a professora doida lá com quem tinha falado mais cedo. Correu até as gavetas de analgésicos, e passou vários cremes sem nem saber o que eram sobre os cortes nos braços. Em seguida, enfaixou e botou esparadrapo nos dois braços. Jogou dois, três ou seis analgésicos contra a dor dentro da boca, e novamente, saiu dali correndo, carregando a espada, porém, dessa vez com um pouco mais de força para carregá-la.

Abro a porta da enfermaria, com desespero e rapidez. Vou direto para os armários, procurando bolsas de sangue. Ao achar, abro o armário, verifico se o plástico é resistente. Concluo que a bolsa é resistente o bastante pra ser posta num bolso sem problemas, a não ser que levasse um chute ou um soco no lugar.

Boto duas bolsas, em cada um dos bolsos internos, enquanto segurava um com a mão esquerda. No fim, abri a porta e fui direto para a cantina.

Mordred aparece deitada na maca, comigo já fazendo os curativos necessários para tentar estacar o sangue que saía dela.

Mordred estava coberta com o próprio sangue já, graças a súcubo ter penetrado seus órgãos internos. Estava com quase que um buraco no meio da barriga, e estava tossindo sangue por tudo quanto era lado, sujando até mesmo Lupin, por quem estava sendo tratada agora. Talvez só os "curativos necessários" que ele fizesse, não fossem bastar, afinal, não se cura um fígado com um buraco no meio, com um rolo de esparadrapo e água oxigenada, né?

Assim que terminei o curativo, todos os órgãos começaram a ser reconstituídos pela minha sombra. As sombras iriam mante-la viva até encontrar uma maneira de cura-la, ou achar K, que havia desaparecido. As sombras também imitavam o movimento do órgão, fazendo o que fosse que ele precisasse fazer.

— Fique aqui, vou tentar acabar isso agora — falei e então desaparecendo, deixando ela com o corpo todo tapado por curativos, fazendo com que parecesse que fosse curada, mas não totalmente, para não deixar que a succubo descobrisse o que eu fiz, se não ela poderia tirar as sombras.

Estava tudo escuro e, sem que fosse possível notar, uma mão encostou na cabeça da Old God, uma mão peluda e com garras – mais especificamente, uma garra. Minha força era tão grande que ela começou a ser esmagada e o chão começou a rachar até que o chão cedesse, quebrando e fazendo com que ela voltasse ao hall. As pedras pareciam não cair, por causa da velocidade que tudo era executado. No entanto, mesmo no hall, não era possível me parar, comecei a rachar o chão, esmagando ela contra ele, que desta vez, era mais resistente que o da enfermaria. Minha velocidade e força estava muito grande para que ela reagisse e, para evitar ainda mais isso, enquanto a esmagava contra o chão, minha mão, com força, ia apertando sua cabeça, tentando fazer com que ela explodisse, ou desmaiasse durante o ato.

Com isso, a succubo ia cedendo, de pouco em pouco, sendo esmagada contra o chão em questão de milésimos. Era realmente muita coisa para ela, que estava distraída, fazendo graça da situação.

Encarei ela regenerar sua cabeça com as sombras e me transformei na forma Glabro, pra caso ela tentasse atacar, eu pudesse reagir com algum tipo de magia. Fiquei sem fazer nada, somente reconstruí as sombras nos órgãos de Mordred sem que ela notasse, já que ela, sem querer, havia sugado para ajudar a regenerar a cabeça.

Por algum motivo, olhou para baixo, e tudo que viu, foram curativos. Até pouco tempo atrás, estava tossindo tanto sangue, mas tanto sangue, que era possível encher uma piscina com o que tossia, mas agora, simplesmente havia parado... por que, se perguntava? Talvez tivesse permanecido inconsciente por falta de sangue por um tempo, e alguém tinha a ajudado? Bom, por hora, isso não importava mais. Não importava mais porque viu a súcubo ali na porta, novamente. De início, grunhiu de raiva para ela, já pronta para matá-la com as próprias mãos, mas no momento em que viu o ataque do professor, ficou em choque. Era uma mão estranha, que simplesmente amassou a súcubo como se fosse panqueca, mas, não adiantou. Novamente voltou a tossir sangue, e começou a sangrar um pouco na região da barriga, deixando as gazes um pouco ensanguentadas, e, de repente, parou de tossir sangue.

Parecia até que alguém estava brincando com a sua vida, o que chegava a ser incrível.

Observava a luta de longe, cansada demais para se levantar, ainda com o colar de K em mãos, e ao redor do colar, a mão de Mordred estava toda ensanguentada, já que ela também tinha posto as mãos no próprio sangue. Talvez para K, se visse aquela cena, teria visto a mão dela como um prato cheio, mas, como ele não estava ali... bom, o importante era que ele ainda não tinha morrido, e isso era no que Mordred tinha fé, e acreditava em, e, de repente, uma ideia veio a cabeça da garota. Será que... o colar podia funcionar... do mesmo jeito que... a gema que ele lhe deu?

"Eureka!" Pensou, e então chamou pelo nome dele, apenas uma vez, achando que seria o suficiente para fazê-lo aparecer daquela minúscula joia rubra.

-K, apareça de uma vez por todas! Ou você acha que me engana fingindo estar morto desse jeito?

Mordred disse, seguido de um sorriso sacana no rosto. Logo em seguida, deixou cair o colar no chão, com gotas de seu sangue escorrendo sobre ele.